Comunidades rurais divulgam Carta Aberta denunciando a falta de solução para os problemas no transporte coletivo
Em outubro, um movimento organizado pelas comunidades rurais de Feira de Santana realizou uma ocupação na garagem da empresa de ônibus Rosa, em função da suspensão de linhas que servem aos distritos. A desocupação se deu após a Prefeitura assumir o compromisso de normalização do transporte da zona rural, mas agora o Prefeito parece querer voltar atrás da palavra empenhada. A “solução” apresentada pela Prefeitura, através de micro-ônibus, não atende às reais necessidades das comunidades rurais e não garante o direito ao transporte em sua integralidade.
Em resposta, as comunidades rurais lançaram uma Carta Aberta à Sociedade Feirense na última sexta-feira (24), apresentando seu posicionamento diante da proposta da Prefeitura. Leia:
“Viemos por meio desta, mas uma vez, relatar à sociedade feirense o descaso e o racismo do poder público municipal com os moradores e trabalhadores da zona rural e comunidades quilombolas de Feira de Santana. Na quarta (22/12), na praça do Povoado de Alecrim Miúdo – Distrito de Matinha, aconteceu uma assembleia das comunidades rurais atingidas pelas extinção das linhas de ônibus e que protagonizaram as recentes manifestações em torno do problema.
O propósito foi apresentar um repasse da reunião que ocorreu entre representantes do Movimento em Defesa do Transporte Público Integrado na Zona Rural e da Secretaria de Transportes e Trânsito – SMTT nesta segunda (20/12). Para além do desrespeito com o atraso de mais de 3h do horário previsto, a reunião foi chamada para informar que as linhas de ônibus temporariamente operadas pela São João serão substituídas por micro-ônibus integrados ao sistema de tarifa eletrônica, mas não integrados ao SIT. Ou seja, o uso da bilhetagem eletrônica permitirá apenas a extensão da validade da passagem em 1h, mas não permitirá a baldeação no transbordo, pois de acordo com o Decreto Municipal nº 12.505, publicado em edição especial nesta quinta-feira 23/12/2021.
Não foi dada indicação precisa da implementação, mas foi sinalizado que esta poderá ocorrer ainda esse ano e que assim que for concretizada os carros da São João deixarão de circular. Além de todas as insuficiências anteriormente apontadas pelo movimento como a não integração, impossibilidade de transporte de mercadorias e embarque de cadeirantes, passe para idosos e estudantes etc, o maior temor é que isso se torne uma medida permanente.
Mais uma vez temos o direito ao transporte público violado. E pior ainda, uma violação autorizada e legitimada pelos gestores públicos. Situação muito difícil, pois ao invés de buscar solucionar o problema, a gestão municipal segue desrespeitando mais uma vez nós moradores da zona rural.Com propostas que nos exclui e não nos atende.
Foram vários ofícios, abaixo-assinados, reuniões e mobilizações na tentativa de encontrar solução para o problema, porém a gestão se nega a apresentar uma solução. Nossa reivindicação é por garantia de direito. Direito este que já deveria ser garantido. O que queremos e pedimos é pouco, PEDIMOS O DIREITO AO TRANSPORTE, direito garantido pela Constituição Federal.
Diante da insuficiência das alternativas apresentadas e do descaso, queremos dizer ao governo municipal que as comunidades rurais estão mobilizadas e não aceitarão a proposta apresentada, a não ser como medida temporária e com prazo estipulado formalmente. E pedimos à sociedade feirense que apoie e se some à nossa luta por um transporte público de qualidade não só para a zona rural, mas para todo povo de Feira de Santana.”
Foto: ato realizado em 21 de outubro de 2021 pelas comunidades rurais no Centro em defesa do transporte coletivo e pelo restabelecimento das linhas de ônibus suspensas. (Rafael Moreira)