Dia 21 de Janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

Por Marcela Prest

Esse dia foi escolhido em homenagem à Iyalorixá Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum (BA), vítima de intolerância religiosa por ser praticante de ,religião de matriz africana. Em 1999, a Igreja Universal do Reino de Deus publicou em seu jornal, Folha Universal, uma matéria com uma foto da sacerdotisa  na capa a acusando charlatanismo. Como consequência, sua casa e sua comunidade foram atacadas e agredidas. Ela faleceu no dia 21 de janeiro de 2000, vítima de infarto em decorrência desses ataques.

É importante destacar o viés racista desse tipo de violência. De 2011 ao primeiro semestre de 2018, 59% das vítimas eram negras e 53%, mulheres, segundo denúncias recebidas pelo Disque 100. Entre agressores/suspeitos, 56% são brancos e 43% negros. Em relação ao gênero, a proporção é mais equilibrada, com mulheres sendo maioria (52%). É urgente enfrentarmos o racismo e a intolerância religiosa, sendo necessárias políticas públicas que barrem o avanço do extremismo religioso e da extrema direita conservadora em nosso país.

Infelizmente não temos muito o que comemorar quando olhamos para o número de denúncias realizadas junto à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH). Os registros aumentaram 41,2% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Em relação ao mesmo período de 2018 o aumento foi de 136%, de acordo com os dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Os números apresentados têm relação direta com o avanço do conservadorismo no Brasil, mais especificamente com a eleição de Jair Bolsonaro, a principal autoridade do país e que é também um dos maiores propagadores do ódio e da intolerância religiosa. Basta resgatarmos os ataques do atual presidente à laicidade do Estado, bem como a outras religiões não cristãs: “Deus acima de tudo. Não tem essa historinha de Estado laico não. O Estado é cristão e a minoria que for contra, que se mude. As minorias têm que se curvar para as maiorias”.

Precisamos insistir na defesa do Estado laico, democrático e de direito, com garantia de livre manifestação religiosa. Para isso é fundamental unir forças para caminharmos juntas, juntos e juntes, construindo lutas e resistência.

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