Em Feira de Santana, trabalhadores de app também se mobilizaram durante greve nacional
ASCOM
Em diversas cidades espalhadas por todo o país, os trabalhadores que usam aplicativos de entrega paralisaram suas atividades nesta quarta-feira (01) em uma grande greve nacional contra a precarização e em favor de melhores condições de vida e trabalho. Em Feira de Santana, os entregadores também se mobilizaram. Durante a manhã, a manifestação no município ocorreu a partir de uma concentração que ocorreu próxima ao Terminal Central, percorreu parte do Centro e passou pelas Av. Getúlio Vargas e Av. Senhor dos Passos, onde houve um bloqueio parcial das pistas.
O aplicativo FS Delivery, que opera em nossa cidade, obriga os entregadores, sem pagar por esse deslocamento, a retornarem aos restaurantes para devolução da máquina de cartão ou levar o pagamento dos produtos após a entrega. Um completo absurdo. Entre as reivindicações nacionais, estão o aumento no valor das taxas pagas pelas corridas, o fim dos bloqueios e desligamentos indevidos, o fornecimento de EPIs, garantia de auxílio neste momento de pandemia, seguro contra roubo, acidentes e de vida, dentre outras questões pautadas pelos trabalhadores. Junto dessas pautas, as mulheres estão exigindo a adaptação da bag, pois as alças machucam os seios e causam muita dor, a instalação de banheiros acessíveis em diferentes áreas da cidade, e ainda levantam questões relacionadas à segurança.
Neste momento de pandemia e de isolamento social, as empresas responsáveis pelos aplicativos de entrega aumentaram em até 30% seus lucros. A pesquisa realizada este ano pela revista Trabalho e Desenvolvimento Humano, que entrevistou entregadores em 29 cidades, revelou que 54% desses trabalhadores tem cargas horárias de até 14 horas por dia e que na pandemia essa porcentagem saltou para quase 57%. 58% dos entrevistados afirmaram, ainda, que tiveram queda na remuneração após o início das quarentenas. Como esse tipo de trabalho se tornou alternativa para muita gente que perdeu sua fonte de renda em função da crise gerada pelo novo coronavírus, foi verificado também um aumento no número de entregadores nos últimos meses, o que reduz ainda mais os rendimentos pelo aplicativo.
Uma fala vem sendo repetida pelos entregadores em entrevistas e nas redes e é muito reveladora sobre as verdadeiras condições de vida e trabalho dessas pessoas: “A alimentação é a coisa que mais dói: ter que trabalhar com fome carregando comida nas costas”.
Foto: Jairo Cedraz