Nota do PSOL: O que está em jogo não é apenas a tradição, é colocar pão na mesa!
Uma nota oficial do Gabinete do Prefeito Colbert Martins Filho, divulgada no dia 21 de outubro e repercutida por parte da imprensa feirense, afirma que as manifestações de rua protagonizadas por trabalhadoras e trabalhadores que hoje estão no dito Shopping Popular, têm como objetivo “manter o centro favelizado, incoerente com o desenvolvimento da cidade e o respeito à mobilidade urbana”. Ainda segundo a nota, essas lutas seriam “por uma Feira de Santana que retroceda 50 anos no tempo e que não avance para a modernidade”. Além disso, também segundo a visão do governo municipal, os protestos seriam estimulados por “opositores”, citando diretamente o PSOL, supostamente por não aceitarem o “resultado das eleições de 2020”.
Os fatos provam que o governo municipal, mais uma vez, mente:
Após uma grande mobilização das trabalhadoras e trabalhadores do chamado Shopping Popular, ocorrida no dia 1º de outubro, o governo municipal afirmou que até o dia 05 de outubro responderia as reivindicações apresentadas durante a manifestação. Passados mais de 15 dias, ainda não houve qualquer resposta definitiva. Pelo contrário, com o aval do prefeito, o empresário Elias Tergilene, principal beneficiado com o empreendimento, continuou praticando todo tipo de abuso contra quem tenta tirar o seu sustento trabalhando no tal “Cidade das Compras”. Corte de energia elétrica, lacre de boxes, apreensão de mercadorias e outras arbitrariedades levaram inúmeras pessoas ao desespero nas últimas semanas. Diante disso, a indignação é o principal estímulo que tem levado as pessoas às ruas.
Ao contrário do discurso mentiroso do governo municipal, as trabalhadoras e trabalhadores do chamado Shopping Popular não querem que Feira de Santana “retroceda no tempo”, mas sim o atendimento de suas reivindicações que visam garantir condições mínimas de trabalho e perspectiva de renda:
- Suspensão imediata do pagamento das taxas e extensão formal do prazo de carência;
- Definição de um calendário para regularização da infraestrutura e dos serviços “âncora” do Shopping;
- Transparência nas contas do empreendimento, através da garantia de participação de comerciantes em sua administração;
- Revisão do contrato de locação, imposto às trabalhadoras e trabalhadores do local, e da própria Parceria Público Privada (PPP) que autorizou a construção e funcionamento do empreendimento.
Na falta de argumentos diante das alternativas apresentadas nas manifestações, como é caso também em relação ao projeto alternativo da Feira da Marechal, o governo municipal apela para propaganda de palavras bonitas tais como “modernidade”. Ninguém se engane: “modernidade” aqui é só um nome para encobrir os acordos de José Ronaldo, Colbert e companhia com o empresariado mais inescrupuloso. Maltratar feirantes, camelôs e ambulantes é só parte do “serviço” do prefeito para pagar seus “compromissos”. É por isso que a necessária reorganização do centro da cidade é usada como desculpa para expulsar quem trabalha no comércio popular de rua. Reorganização essa que não trouxe nenhuma melhoria real, pois as obras que prometiam melhor mobilidade urbana se provaram um desastre. As calçadas não têm sinalização adequada ou piso tátil para acessibilidade, o calçamento não suporta uma chuva e o trânsito do município está cada dia mais caótico.
Nesse cenário de conflito, buscar o diálogo entre o Poder Público Municipal e a sociedade civil é um dever do Poder Legislativo, das vereadoras e vereadores, e um direito da população feirense. Sem dúvida, essa é a visão que orienta a ação do nosso mandato na Câmara Municipal. A tentativa ridícula do governo municipal de descredibilizar qualquer manifestação popular dizendo que é “partidária” mostra, na verdade, a incapacidade crônica de Colbert Martins Filho em lidar com o povo e suas representações. Escancara também a sua incompetência em resolver mesmo aqueles problemas conduzidos pela sua própria administração, como é o caso do fracasso comercial do dito Shopping Popular até agora. Ao que parece, o prefeito acha que se acreditar muito nas próprias mentiras e se esconder bastante os graves problemas do município vão desaparecer como em um passe de mágica.
O comércio popular de rua é um patrimônio de Feira de Santana não apenas por ser uma tradição, mas porque impediu e continua impedindo que milhares de pessoas passem fome. É cultura popular de nosso município, movimenta a economia local e deve ser tratado com respeito e dignidade. Enquanto isso for uma luta do povo feirense, o PSOL continuará apoiando as manifestações populares e enfrentando o autoritarismo de quem não entendeu que não passará por cima da nossa gente sem resposta.
Feira de Santana, 23 de outubro de 2021
Direção Executiva Municipal do PSOL