Pobreza menstrual e racismo no Brasil

28 de maio é o Dia Internacional da Higiene Menstrual, e neste dia, em 2021, a UNICEF divulgou o documento “A Pobreza Menstrual Vivenciada Pelas Meninas Brasileiras”. Os dados expressos no documento são alarmantes e revelam a dimensão das carências vividas pelas meninas no Brasil: 713 mil meninas não têm acesso à banheiros, água encanada e absorventes; mais de 4 milhões de meninas não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas brasileiras; 6,5 milhões vivem em casas sem ligação com redes de esgoto; quase 200 mil alunas estão totalmente privadas de condições mínimas para cuidar da sua menstruação na escola, como acesso a água e sabonete, absorvente e banheiro; 900 mil meninas não têm acesso a água canalizada em seus domicílios.

O relatório também mostra que a vulnerabilidade menstrual aumenta proporcionalmente de acordo com a cor, nível social e de renda, e que meninas negras têm 3 vezes mais chances de viverem em vulnerabilidade. Cerca de 24% das meninas brancas vivem em locais sem esgoto – taxa que aumenta para 37% quando falamos de meninas negras.

Essa situação também tem reflexos sobre a evasão escolar, a qual as meninas em condição de vulnerabilidade menstrual estão mais sujeitas, uma vez que, diante da falta de acesso aos itens básicos de higiene, muitas não têm alternativa senão ficar em casa durante o período menstrual, o que pode resultar no abandono definitivo da escola.

Além disso, tal situação também é geradora de diversos problemas psicológicos ligados à autoestima e à dificuldades de socialização com sua família e seus pares. A pobreza menstrual impacta muito além da saúde pública, sendo um problema de ordem social e reflexo do racismo e da desigualdade social do nosso país. É, pois, fruto do sistema capitalista que explora a população e nos coloca à margem da sociedade, muitas vezes sem direito ao mínimo de dignidade, em detrimento do enriquecimento de uma pequena parcela da população.

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