Seminário sobre potencial econômico da feira da Marechal destaca a circulação de cinco milhões de reais mensais

O movimento de feirantes “A Feira da Marechal é Patrimônio” realizou na tarde do último sábado (07/05), na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas de Feira de Santana, o seminário “Potencial Econômico da Feira-livre da Marechal: implicações para o comércio e para a geração de renda em Feira de Santana”. O debate contou com as contribuições da historiadora Larissa Penelu, do economista Francisco Queiroz e do urbanista Gabriel Galvão.

O propósito principal do evento foi apresentar ao governo, lojistas e à sociedade feirense de forma geral a opinião de especialistas sobre a questão do reordenamento do centro da cidade e a possibilidade de convivência com o comércio popular de rua. Para tanto, além do prefeito Colbert Martins Filho, foram convidados o secretário de Planejamento, o de Agricultura e Recursos Hídricos, o de Prevenção à Violência e o de Turismo, Trabalho e Desenvolvimento Econômico, no entanto, nenhum destes compareceu ou enviou representantes.

Durante a sua exposição, a historiadora Larissa destacou o peso histórico da tradição das feiras-livres, o hábito feirense de fazer compras na rua e o valor cultural destas práticas para a identidade do município. Quanto aos aspectos econômicos, o professor Francisco apresentou dados que confirmam o potencial da relação entre o comércio informal e formal no centro da cidade para promover a geração de ocupação e renda para milhares de pessoas, com implicações diretas para as vendas do comércio formal e para a arrecadação do município. Durante a exposição, o professor destacou, especialmente, os dados da sua pesquisa de doutorado, que apontam para a possibilidade de circulação de cerca de 5 milhões de reais mensalmente na economia municipal a partir da feira livre da rua Marechal Deodoro. Ele também chamou atenção para a realidade de outros municípios, como São Paulo e Rio de Janeiro, que extinguiram feiras de rua anos atrás e atualmente sofrem com a perda de dinamismo econômico nos locais onde estas funcionavam, o que resultou no fechamento de comércios formais e abandono de imóveis, acompanhado de desvalorização predial – fenômeno caracterizado pelo professor como “criação de cemitérios urbanos”.

Já o professor Gabriel apresentou exemplos de ordenamento de feiras-livres em áreas centrais de outras cidades, como o que foi realizado pela prefeitura de Salvador na Av. Joana Angélica, finalizando com a demonstração da viabilidade urbanística e arquitetônica do projeto alternativo de requalificação para a rua Marechal Deodoro, que já vem sendo defendido pelo movimento desde o ano passado junto ao governo municipal de Feira de Santana.

A organização do debate contou, para além do movimento de feirantes, com a colaboração da Comissão de Reparação e Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Feira de Santana, da Incubadora de Iniciativas da Economia Popular e Solidária (IEPS) e do Núcleo de Práticas Jurídicas da UEFS (NPJ-UEFS). Encaminhou-se, ao final, a proposição de uma reunião entre o movimento de feirantes, os especialistas convidados e representações da Câmara de Dirigentes Lojistas e da Associação Comercial e Empresarial de Feira de Santana, para apresentação dos estudos e pedido de apoio à permanência da feira-livre no centro da cidade.

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