Solidariedade à criança do ES e repúdio àqueles que corroboram com sua violência
Setorial Nacional de Mulheres do PSOL
Nós, da Setorial Nacional de Mulheres do PSOL, manifestamos em primeiro lugar nossa solidariedade à menina de 10 anos estuprada pelo tio. É com muito sofrimento que escrevemos essa nota, por isso queremos expressar nossa profunda indignação e repúdio contra aqueles que violentam essa criança uma segunda vez em nome de supostas crenças religiosas. A menina, que deve ter sua identidade preservada, foi violentada sexualmente dos 6 aos 10 anos de idade por um adulto, seu tio. Esse ato violento, uma verdadeira tortura, só veio à tona devido à sua gravidez. É necessário denunciar a gravidade desse caso e mostrar que o criminoso nessa história é o homem estuprador, que está foragido, e todos aqueles que – como Sara Winter, a Ministra Damares e tantas outras figuras de extrema direita – querem ganhar visibilidade para disseminar sua política de ódio, impondo ainda mais sofrimento à menina. Para isso, exigimos a responsabilização de Sara Winter, personagem nazi-fascista que divulgou nome e o endereço da criança.
A criança teve sua identidade exposta, precisou sair do seu estado, Espírito Santo, ir para Pernambuco para que pudesse fazer o procedimento do aborto porque os médicos da sua cidade se recusaram a cumprir a lei. Sim, esse direito está previsto em lei, para os casos de mulheres violentadas sob risco de morrer. O direito da criança estava resguardado pela justiça e mesmo assim a equipe do hospital se recusou a fazer o procedimento. Como se não fosse pouco, a menina – e a equipe médica que felizmente aceitou atendê-la em Recife – foram alvo de uma manifestação pública de ódio e falta de humanismo, praticada por aqueles que se aglomeraram na porta do hospital em Recife, inclusive alguns deputados e deputadas estaduais de Pernambuco e uma vereadora do Recife (Joel da Harpa, Clarissa Tercio, Cleiton Collins e Michele Collins).
Fica a pergunta, por que essas pessoas não se preocupam em expor o homem adulto que violentou essa menina de 10 anos? Porque a política desse tipo de gente não é “pró-vida”, mas sim contra as mulheres.
Precisamos defender os direitos dessa menina, preservando sua segurança e bem-estar. É urgente responsabilizar todos aqueles que coadunam e querem lucrar com a violência praticada contra ela. É o momento de exigirmos, mais uma vez, a legalização do aborto em nosso país, para que a vida das meninas, adolescentes e mulheres sejam defendidas e preservadas. Precisamos encarar o aborto não como crime, mas como uma questão de saúde pública e de garantia dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
Juntas somos mais! É pelas nossas vidas! Não vamos nos calar!
Setorial Nacional de Mulheres do PSOL
17 de agosto de 2020